sábado, 8 de outubro de 2011

Un pedo

No así,
literal
De eses que hacen reírse los nenes
Los viejos
nenes

Un pedo de
vino

Es lo que me pasa
desde que
dejé.

Un pedo de
vino
de
mate
de
música

De la música que ya me
pulsa en el
alma

Y que
todavía
no sé.

quinta-feira, 22 de setembro de 2011

Pequeno problema filosófico durante um almoço tardio

Mesmo que por um
dia
Eu queria ser simples

Levantar de manhã e dormir à
noite

Fazer o que tem
que ser feito

Chorar o triste, sorrir o alegre
Gargalhar sem qualquer maldade

Me apaixonar direito
Com
Começo, meio e fim
Sem
Mistério

Ou ao menos sem debate sobre o mistério

Eu queria acordar um dia - de manhã - e saber deixar o mistério ser
Eu queria deixar ele sem o estorvo das palavras

Eu queria ser sem o estorvo das palavras

Mas aí eu nunca poderia dizer que
fui simples

Nunca poderia dizer que fui

terça-feira, 13 de setembro de 2011

Eu vou dizer o óbvio

Do quarto que sem suas
coisas é
só espaço

Do sabonete que sem seu
uso é
só tempo

Da minha presença que sem a
sua é
só.

Eu vou dizer o óbvio

Você é presença em
                  negativo

É a malha que tem seu
cheiro

É o cheiro que tem seu
nome

É o nome que tem meu
apelo

Eu vou dizer o óbvio.

Eu jamais poderia dizer você.

sábado, 20 de agosto de 2011

Me preguntaron hoy la dirección

A mi, que en la vida siempre fui
turista
Y así tuve que
poder
contestar.

Qué curioso eso de
a veces
saber dónde está el

beso

el

aire

el

camino.

sexta-feira, 5 de agosto de 2011

Unheimlich

Eu não falo a língua dessa gente
nem
Eles
a minha.

Mas
- a minha -
porque a do meu país
que se fala em

- formulários, procedimentos, responsáveis, datas, adiamentos -

eles falam
perfeitamente.

domingo, 19 de junho de 2011

Sentença

Cabe nos
minutos o
tempo

dos passos

até o
telefone

até um
dia.

Mas não o da
metade

até o
todo

até nada
mais.

sexta-feira, 10 de junho de 2011

Antes

de dançar:

Riscar o
chão

Virar o


Perder
- a cabeça

terça-feira, 31 de maio de 2011

Je ne comprends pas

mas eu guardo
como uma canção.

domingo, 29 de maio de 2011

Je ne comprends pas la vérité

que deve haver no
seu

dicionário.

domingo, 3 de abril de 2011

Di Sarli

Se brincando num piano
- miudinha -
não me faço clara

Se o passar esquivo do violão se faz
- sem pudor -
Guitarra

Lembro logo que
não sei de
nada

E que pra rasgar o peito vivo
como manda a canção

Só mesmo o susto
do som
- violento -

De um bandoneón

domingo, 27 de março de 2011

pequena poesia

que as palavras são
parcas

as lembranças são
prova

e só me ocorre esgueirar uma
dúvida sem
fim

numa pergunta sem demora

- E agora?

sábado, 19 de março de 2011

Das companhias acéticas de amor II

Tem sempre uma japonesa no amor dos outros. Vai ver é porque elas são exatas, nem todas. Umas são bagunçadas e espinhentas como o resto de nós - nem todo. Mas como povo elas parecem ser exatas, o objeto perfeito para se desejar. Elas todas usam saias e têm um jeito de usar as saias que é como se não tivessem de saia - mas é essencial que estejam. Todo desejo já pousou vez ou outra na saia de uma japonesa. Toda imaginação, vez ou outra, debaixo. E cada cabelo ocupa seu lugar preciso, uma ordem perfeita - desordem ainda mais. Cada movimento é preciso. Podem ser precisas de controle, mas nas pernas perfeitas e no rosto sem marcas são leves e impassíveis como só pode quem sabe que tem sempre alguém se perdendo por elas. Sempre alguém batendo uma punheta ou vendendo a casa por elas. Mas o que eu queria mesmo saber é por quem se perdem as japonesas.

sábado, 12 de março de 2011

Das companhias acéticas de amor I

Acordei com vontade de, pensou um velho. Um velho qualquer, sem saber que velho e sem saber vontade de quê. Mas tinha acordado com vontade, e isso já era pra sol e chuva e fogos de artifício. Acordou querendo, sem saber, os espólios da guerra que não ia dar tempo de lutar. Acordou antes do despertador e só conseguia pensar em se matar! Nada dá mais o gosto de uma coisa que a coisa toda oposta, já dizia o velho Tao. Ou não dizia? Isso que dá não ler o Tao. Mas o velho também não tinha lido e nem sabia que ele existia, mas queria se matar e era só em se matar que ele conseguia assentar sua vontade - em se matar, e não na morte, que é tão absoluta que nem deve ser o oposto de nada. Só que não queria se matar, e achando meio absurdo e meio clichê foi tentando expulsar a idéia dos bolsos.

quarta-feira, 2 de fevereiro de 2011

primeira pessoa porque

A combinação
sorteada
De data, berço, esporro, malogro, presente, fratura, despejo,
[diploma, ensejo, moléstia
e 30 páginas de poemas de amor envelhecendo numa caixa
São como a
equação
que descreve um
ponto.

- E essa pretensão de dizer 'eu'?
"Next time you will be able to do as you please" - that's the song

Pois se para
ser

Escrever

E para
escrever

ser
doutora.

terça-feira, 1 de fevereiro de 2011

Mas se as raízes mesmas são simulacros

Não tem outono que agüente

quarta-feira, 26 de janeiro de 2011

Dor de garganta III

O sono é quase uma escolha
Que algum canto do corpo faz
- Não quando o corpo pede arrego -
Mas quando o sonho
mesmo
pede

terça-feira, 25 de janeiro de 2011

Dor de Garganta II

A fila do hospital a segurou o bastante para não deixar tardar: médico em posição, em popa, com a primeira barba mal-feita pra não deixar mentir que ele já era gente, e ela na frente dele mesmo toda paciente abriu a boca e assim sem mais deixou sair todas meladas de sangue as cigarras que moravam ali. E agora não consegue parar acordada.

Dor de garganta I

Febre
Náuseas
Dores pelo corpo
E não é à toa. Sua garganta está inflamada e cheia de pus.

- E a voz afundando sem dizer -

Minha garganta está cheia de muitas coisas, doutor.