segunda-feira, 26 de julho de 2010

Cada briga, um filho meu apontando o dedo na cara dos outros. Cada um malcriado, empurrando de volta quem o compara com os irmãos. Todos achando que "família" é uma palavra besta de quem junta um com um e quer brincar de psicólogo. Tenho muitos filhos no mundo.

terça-feira, 20 de julho de 2010

A primeira vez

que, pernas bambas sobre o salto, me vi cercada de espelhos e de experiência que não era minha. Pés de tênis e asfalto e chuva agora enfiados numas sandálias sem respeito, que não cedem e nunca estão afim de conversar. Ou estão, e eu que não falo espanhol. Calça comprida e salto, na falta de um vestido aéreo e de modos de menina. Falta de modos, e de lábia para embrulhar as faltas. E como é fácil para os outros! Como é fácil ser os outros! Eles nasceram sabendo! Enquanto eu caminho truncada no tablado de madeira feito bezerro neonato, tentando fazer encaixar o abraço como mandam os outros, como fazem os outros - como diz a voz sem corpo que é feita dos outros!
O cismar com o arco dos braços, o ereto do tronco, o aberto dos passos - o cismar com a educação de um corpo montado a desencaixe não me deixa abraçar.
O preocupar-me com adornos e voleios - o preocupar-me com desenhos não me deixa abraçá-lo!
O apegar-me à marcação do tempo, à fluidez do corpo, à resposta ao movimento
- O apegar-me a saber viver sem ter vivido
não me deixa abraçar
o tango.

segunda-feira, 12 de julho de 2010

Se eu acreditasse em destino, tinha o credo inveterado

Pois que você me chamou de andorinha
sem ler o livro
pra saber
que ela termina a estória
sem seu gato malhado.